Por Frei Jacir de Freitas Faria
Os frades franciscanos contribuíram para a formação cultural de Divinópolis em várias áreas. No que se refere à comunicação, de 1927 a 1984, com a criação da gráfica Santo Antônio, à comunicação impressa foi fundamental para divulgar o carisma franciscano, discutir fatos e formar a opinião pública.
A revista O Santuário de Santo Antônio fomentava a devoção antoniana, atraindo romeiros de vários lugares de Minas Gerais ao Santuário Santo Antônio. O jornal A semana, criado por Frei Metelo, em 1946, teve um papel importante na sociedade divinopolitana.
Quando Frei Rafael Zevenhoven era seu diretor, o povo espera com ansiedades a sua coluna, intitulada as “Bombas do RAF”, a qual consistia em contra-atacar as investidas arrasadoras de espíritas e políticos, como Pedro X Gontijo, garantindo, assim, os ensinamentos de moral e bons costumes da Igreja Católica. RAF era um avião imaginário que lançavam bombas boas e ruins. Era o final da 1I Guerra Mundial. Frei Rafael foi considerado político da União Nacional Democrática (UDN), contrário aos políticos do Partido Social Democrático (PSD). Quando Frei Rafael morreu, em 1976, os maçons atacaram e ofenderam os frades. O povo católico agiu logo em solidariedade aos frades, com manifestações públicas.
Nessa mesma época, a Igreja Batista, fazendo uso de um microfone, acusava o papa, a Igreja e os frades. Uma Semana Bf-blica Popular, realizada pelos redentoristas apaziguou os ânimos.
Em 1938 foi construído pelos frades um espaço para arte, que levou o nome de Casa de Santo Antônio, onde é, atualmente, o colégio Roberto Carneiro. Esse espaço foi palco de apresentações artísticas, como: teatro, opereta, drama, comédias e oratória. No dia 11 de agosto de 1946, a Casa de Santo Antônio foi reformada e passou ser Cine Teatro Santo Antônio, com 800 lugares.
No Convento funcionava o Grêmio Literário. Em 1961 surgiu a Academia Divinopolitana de Letra (ADL). Frei Odulfo van der Vat, homem de erudição, foi seu primeiro Secretário Geral, vindo a assumir a cadeira de número 20, ocupada atualmente por Frei Jacir de Freitas Faria.
As pinturas nas paredes do Santuário, marco cultural e artístico de Divinópolis, foram feitas pelo artista holandês, Frei Humberto Randag, no segundo semestre de 1949, para celebrar os 25 anos de chegada dos frades em Divinópolis.
Em relação à música, a influência não foi diferente, com a criação da Banda Lira de Santo Antônio, mais tarde, Banda Olímpio de Morais. Vários corais marcaram épocas no Santuário, o mais longevo é coral Divinópolis, criada pela maestrina Dejanira, de saudosa memória. Sob a regência dos frades, surgiram os corais os Pequenos Cantores de Divinópolis e o Coral Santo Antônio. Destaque também para a Orquesta Tabará e o Coro Marupiara, sob a regência de Frei Joel Postma, que chegou a gravar discos.
